Caches na zona de S. Domingos, Mértola

[Bargao_Henriques]

Não sou de intrigas, mas parece-me que lá perdi a oportunidade de apanhar mais umas caches...

Espero estar enganado!

Daniel, vê lá se percebes, no mapa da zona, se as caches vão ficar sequestradas ou não, pleeeeease....

[MAntunes]

Não recorri ao mapa mas pelo texto e como sei a localização da cache (já a visitei), parece que sim que esta cache vai ficar dentro de uma vedação...

Pedro Cardoso, protesta! Andam a fazer campanha eleitoral à custa das tuas caches!



PS: OlhaOlha... já posso escrever aqui outra vez...

[portelada]

Bolas ?????!!!!!

Onde já se viu quererem finalmente "tratar" daquele lindo desastre ambiental ??????

È a conspiração ..... eles andam ai !!!!

À maus que vêm por bem ..... o melhor é lá irem enquanto podem !!!

[danieloliveira]

Caros amigos Geocachers,

Para aqueles que ainda não conhecem a história mineira de S. Domingos, acrescento um texto que irá fazer parte de um trabalho científico para publicação o qual peço-vos que leiam mas não copiem para outras fontes.

Mining in the São Domingos area is known to have started before the Roman colonisation of the Iberian Peninsula that took place in approximately 218 BC and the mining history of São Domingos can be divided into three distinct mining periods.
The first, attributed to the Phoenicians and Carthaginians in the Calcolithic (copper age) period, which began 4300 ago, is perhaps the least known. Archaeological finds of three polished stone axes, similar to ones found in Rio Tinto (Spain), indicate the presence of pre-Roman mining activities at São Domingos.
The second mining period is clearly attributed to the Romans who intensified the production of copper on a large scale. Thirty-nine Roman coins depicting emperors from Augustus (27 BC to 14 AD) to Theodosius (379-395 AD) were found on site attesting to the Roman presence. Mining activities are deemed to have lasted 385 years, from 12 to 397 AD. The main reason that the Romans established themselves in a so desert-like region that offered few possibilities of arable and livestock farming, was not for the extraction of copper, already intensely explored in other zones of the Empire, since the Roman economy did not have large requirements for copper but rather for gold and silver.
In the 1850’s, Victor Ernest Deligny, then technical manager of the Tharsis and Calañas Mines, amongst others, ordered that Nicolas Biava carry out exploration in the “Santo Domingos area”. In 16 June 1854, the Municipality of Mértola received a concession request by Biava for the São Domingos area that was subsequently granted. He later transferred his concession to Deligny, who in 1855, created La Sabina Mining Company with Spanish and French capital  with a concession area of 798 km2. Later, in January 1959, Mason & Barry, with their headquarters in London, lease the concession from La Sabina following economic interests favourable to both parties and a process of industrialised mining at São Domingos takes off on its third and final period.
Between 1859 and 1867 mining operations consisted of underground operations by prolonging the existing shafts, haulages, drives and stopes using the relic infrastructures found on site. Average grades of 3% Cu and 50% S were mined in this period and the pyrite was shipped to England, via the Pomarão Harbour where, through ustulation (a process that causes the loss of volatile components) for the manufacture of sulphuric acid, the copper was extracted. Heavy maritime traffic at the Pomarão Harbour, 18 km south of the mine, and lower metal prices, prompted (James) Mason to build a treatment plant to process poorer ore at Achada do Gamo. From 1868 till its closure in 1966, due to exhaustion of the ore, São Domingos continued as an open cast exploration.
At São Domingos and later at Achada do Gamo, the ore was treated in several ways. It is known that until 1887, of the 4 Mt of ore extracted from the mine, 334 575 t were transported to Achada do Gamo, 378 320 t of washed ore and 85046 t of copper cement were exported.
It is calculated that all the periods of mining resulted in the production of 25 Mt, and mine waste material in the area is estimated at several hundred thousand tons. In this context, important environmental problems are associated, which are visible within an area around 50km2.

Aconselho a leitura da seguinte Bibliografia:
Custódio, J (1996a ) James Mason e a construção da imagem da Mina de S. Domingos. In: Rego M (ed) Mineração no Baixo Alentejo, Câmara Municipal de Castro Verde, p198-229.

Custódio, J (1996b ) Sistemas de lavra na Mina de S. Domingos. In: Rego M (ed) Mineração no Baixo Alentejo, Câmara Municipal de Castro Verde, p174-185.

Custódio, J (2002 ) Os primórdios da mina (Estudo para servir de fundamento a uma reconstituição da arqueologia mineira da Serra de S. Domingos). In: Rego M, Nascimento, PJ (eds) Mineração no Baixo Alentejo (Vol II), Câmara Municipal de Castro Verde, p88-121.

Gaspar OC (1998 ) História da mineração dos depósitos de sulfuretos maciços vulcanogénicos da Faixa Piritosa Portuguesa. Boletim de Minas, 35/4: 401-414.

Quental L, Bourguignon A, Sousa AJ, Batista MJ, Brito MG, Tavares T, Abreu MM, Vairinho M, Cottard F (2002 ) MINEO Southern Europe environment test site Contamination /impact mapping and modelling – Final report, 131p.

Soeiro MAG (1998 ) Divulgação do património industrial da Mina de S. Domingos, relatório final de prova de aptidão profissional (Curso Técnico de Património Cultural, Gestão e Divulgação), 27p.


Num estudo geoquímico em que estou envolvido na Achada do Gamo, detectámos águas residuais com pH´s NEGATIVOS! Quem conhece a Achada, sabe que estas estão a  50m da Ribeira de S. Domingos. Como vêm, S. Domingos, devido aos métodos de exploração e mineração, tem graves problemas ambientais. Esses problemas têm que ser resolvidos mesmo que involva o sequestramento de algumas caches.

Outro estudo no qual estive envolvido, levantou e inventariou as minas abandonadas do país e as identificadas com a necessidade de uma intervenção rápida foram precisamente a escombreira da Mina de Jales (perto de V. Pouca de Aguiar)e a Mina de S. Domingos.
Na última, a intervenção proposta pela EXMIN e a CM de Mértola contemplava uma cerca à volta da corta (para evitar acidentes óbvios). Agora anotícia do Jornal indica uma cerca também na Achada que eu desconhecia. Mesmo assim, foi-nos dada a indicação que nos seria fornecida uma chave para podermos entrar e continuar os nossos estudos. Roam-se de inveja!

Em principio, a única cache em perigo poderia ser a da Achada e eu sugiro movê-la para as ruínas no Telheiro.
A CM de Mértola também está a estudar o local para a criação de um museu mineiro que envolveria a área toda desde a Mina de S. Domingos ao Pomarão, mas isso é outra história.....

[Bargao_Henriques]

Quote:

pH´s NEGATIVOS

Devo dizer que acho muito mal esse tipo de afirmações negativistas e rebaixantes...

Nunca pensei isso de ti, Daniel...

Já agora, mas mais a sério, não percebi muito bem uma cena do texto... Os Fenícios já faziam geocaching, era???

Obrigadíssimo pelo texto!

Se o metesses dentro de uma caixa, já tinhamos mais uma cache! E das boas!

[2 Cotas]

Chiça!!!
Ó PH, essa coisa de passares anegativo, foi consequência da centésima, não foi?

[pcardoso]

Mas qé que querem fazer à minha cache?
Bom, mas estando em período eleitoral a notícia não pode ser levada a sério.
De qualquer das formas não sei se a requalificação é uma boa notícia ou não. É verdade que as lagoas são extremamente ácidas e afectam uma grande área a jusante mas este é um caso paradoxal. É que nas margens das lagoas existe uma espécie de planta que, pelo que sei, só subsiste ali e numa mina semelhante no sul de Espanha. E isto devido ao pH ser tão baixo (o pH, não o PH). Perder as lagoas significa perder uma espécie no país e 50% da população mundial. E agora em que ficamos? Eu que trabalho nestas coisas não sei...
De qualquer das formas por enquanto a cache lá fica, é aproveitar!

[danieloliveira]

Olá Pedro,

As plantas a que te referes são as Famosas
"Erica andevalensis" e têm uma capacidade bruta de armazenar o enxofre. Tenho uma colega a trabalhar no assunto e daqui a algum tempo, quando houver resultados, faço-os aparecer aqui.

[MAntunes]

(vou ver no meu baú)

[MAntunes]

Aqui está!  :-)

[danieloliveira]

Aqui vão umas fotos mais esclarecedoras tiradas na Achada do Gamo e na represa.<img src="http://geocaching-pt.net/wpimg/achada.jpg" alt="" /><img src="http://geocaching-pt.net/wpimg/ericas.jpg" alt="" />[img][img]<a%20href="http://geocaching-pt.net/wpimg/ericas2.jpg[/img][img]http://geocaching-pt.net/wpimg/ericas21.jpg[/img"%20rel="nofollow">http://geocaching-pt.net/wpimg/ericas2.jpg[/img][img]http://geocaching-pt.net/wpimg/ericas21.jpg[/img</a>]

[pcardoso]

Ok, não sabia o nome da planta. Mas é verdade que só existe aí e noutra minha espanhola certo? É um caso curiosíssimo, antes de existirem as minas onde andavam estas plantas? São assim tão recentes? Aproveitavam zonas em que o enxofre quase borbulhasse naturalmente à superfície? Bom, se fosse aqui nos Açores era capaz...

[danieloliveira]

Olá PCardoso,

De facto é preciso não esquecer que a geoquímica superficial dos solos reflecte, mais tenuamente, a geoquímica de jazidas mais profundas. Qualquer massa com elevados teores de enxofre pode ter, e normalmente tem, uma assinatura forte à superfície. É assim que os geólogos descobrem novos jazigos - pela sua assinatura geoquímica em termos de elevados teores de "background" de certos elementos.
A biogeoquímica tem vindo a desenvolver-se de tal modo que é rara a empresa de prospecção que não use a técnica para definir alvos, epecialmente em terrenos mais desprovidos de afloramentos. Como exemplo, refiro que os Aloés são plantas que gostam muito de  magnésio. Em rochas de elevado teor de magnésio, como as ultramáficas (as mais famosas são os KOMATIITOS devido à sua estrutura em SPINIFEX do vale do Rio INKOMATI; África do Sul- Moçambique e outros lugares...), dá perfeitamente para cartografar diques a partir de fotografia aérea devido ao alinhamento destas plantas sobre os diques.
Tem um bom dia!

[portelada]

fora de brincadeiras ... acho este assunto fascinante ....  tb há plantas que denunciam a existencia de rios subterraneos de água !!!<img src="http://geocaching-pt.net/wpimg/grin.gif">