Geocaching@pt

Depois de ter ido ver o filme 127 horas, dei comigo a pensar na situação.
Para quem não conhece a enredo, é a estória verídica de um tipo que anda a fazer caminhadas sozinho e que cai e fica com um braço entalado entre uma rocha e uma parede rochosa, num local inóspico, sem ninguém saber onde ele está. Basicamente é a estória de como ele sobreviveu ao longo de 5 dias.

Será que não nos estamos a arriscar mais, quando nos metemos a fazer caches de terreno elevado, sozinhos? Ou quando saímos para ir fazer geocaching e não dizemos a ninguém para onde vamos?

Ou como vamos a uma cache, acham que mesmo que nos aconteça alguma coisa, mais dia menos dia, vai para aqueles lados outro geocacher que nos pode safar?

Que cuidados especiais têm quando vão a caches mais complicadas de terreno? Vão prevenidos com água e comida suficiente? Costumam andar prevenidos com o já falado kit de primeiros socorros?

Rifkinda

Boas!!!

Nós andámos a fazer uma lista com o material necessário para fazer GC. Como o carro vai para a revisão e vamos ter de tirar tudo a da mala ainda não nos aventurámos a ir fazer caches de alta montanha. Mas já andámos a ver o que havemos de pôr no carro para além de caneta, papel e tupperwares... E claro que só vamos cachar ou em grupo ou nós os dois sozinhos, mas sempre com três objectivos em mente: apreciar a paisagem, entre-ajuda (se necessário) e claro procurar a cache... Aliás o meu namorado não me deixa ir cachar sozinha quando sabe que as caches são ou em lugares escuros ou mais complicadas. e diz-me sempre "se começámos o GC como uma equipa, vamos cachar sempre juntos, n?"...

É evidente que a vontade de cachar o dia todo, todos os dias ainda está presente, mas também temos de perceber que para fazer caches na montanha tem de haver boas preparação fisica e claro que se estivermos num local sem rede e sem carro e calhamos de torcer o pé, bem que ficámos lá. Por isso há que ser cauteloso e nunca ir para montanhas sozinhos e levar sempre material que acham que vão precisar (ou não)...

Por exemplo, na mochila iremos levar água e comida, um canivete, primeiros socorros com desinfectantes comprados a parte (já que alguns não o trazem), sapatilhas ou botas de montanha com sola super, hiper, mega anti-derrapante, etc... Depois é só ter cuidado, olhar bem para o caminho que se pisa e apreciar a paisagem...

Esta é a nossa opinião...

Que tópico excelente. Parabéns!!!
Curioso que ao ver esse filme também eu pensei no que faria em situação idêntica, ultimamente tenho me aventurado muitos mais em busca da adrenalina da natureza.
A situação (verídica) é um misto de extremo de persistência e sorte, sinceramente não me sinto com a capacidade psicológica do protagonista, mas em situações extremas vamos buscar forças que nem sabemos que existem.

Tenho sempre muito cuidado e coloco a segurança acima de tudo, não tenho por hábito entrar em situações de risco elevado sozinho - o que logo por si é uma segurança, em caso de queda ou qualquer traumatismo, há sempre quem possa pedir auxilio.
Depois tenho sempre a certeza que mais que uma pessoa sabe onde estou e que percurso vou fazer, com a hora prevista de chegada, esta situação aplica-se por exemplo ao sr (a) da pousada ou parque de campismo onde posso estar hospedado. O discurso é sempre mais ou menos assim: "Olhe quero-lhe pedir um favor, se não me vir por cá a partir das x horas, por favor dê um alerta ás autoridades, se for necessário pagar alguma coisa por um alarme falso pagarei com certeza, vou para aquele sitio assim/assim" - Sinceramente, não sei se isto funciona porque até hoje nunca precisei de utilizar este sistema.
Outra coisa que faz parte do material deste tipo de incursão é um PMR, que apesar de poder ter um alcance limitado, há sempre mais hipóteses de ser ouvido que um telemóvel sem rede.
E também faz parte deste tipo de aventuras um trabalho de casa muito grande, por vezes de meses, para que conheça muito bem o que me pode esperar.

Na realidade nunca me coloquei numa situação extrema deste género completamente sozinho, com uma ou duas pessoas sim (incluindo o mais pequeno), mas tendo sempre o risco controlado e conhecendo (pelo menos na teoria) o local para onde ia.

Bem, é melhor eu nem falar muito no assunto, porque não quero desencorajar ninguém. Vão, mas tenham cuidado.
Ás vezes as pessoas aventuram-se em terrenos imprevisíveis arriscando a sua vida, a de quem os acompanha e quem sabe, de algum membro de uma equipa de resgate.
Agora já é a minha veia profissional a falar...Já alguma vez assistiram a uma equipa de grande ângulo a fazer um salvamento? Pois bem, aquilo é radical, mas também é muito perigoso. Quer seja escalada "top rope", Bouldering, escalada a abrir, que seja por meio aéreo ou aquático, é necessário uma grande resistência física e uma força mental sobrenatural para se conseguir atingir o objectivo final, ou seja, salvar uma vitima.
Com isto só quero sugerir que tenham cuidado. Avisem para onde vão, levem água, barras energética, lanterna, uma faca, um kit de primeiros socorros e se possível um localizador por GPS.
Isto sim, seria fantástico! O próprio localizador envia uma mensagem de SOS e muito mais rapidamente se conseguirá chegar ao local.

http://www.youtube.com/watch?v=8pRAuZTSO_M

Ou então uma coisita mais barata, uma pulseira Road ID gravada com algumas informações importantes do tipo:
- Grupo Sanguíneo;
- Alergias medicamentosas;
- Contacto em caso de emergência;
- Nome;
- etc...

Eu tenho uma, não foi barata, mas vale a pena.

Façam geocaching, mas em segurança!

Uma das coisas interessantes sobre situações de risco é que, muitas vezes, os acidentes não acontecem devido a grandes desastres - muitas vezes é apenas a sucessão de pequenos erros, que consideramos irrelevantes. E até poderiam ser, só que, a conjugação de uma série desses pequenos erros leva a um acidente (e acho que este era um ponto sempre frisado pelo Touperdido nos seus cursos de escalada). Por isso é importante ter em atenção as pequenas coisas.

Também é aconselhável nunca ir sózinho para situações complicadas - e deixar sempre uma indicação a alguém do sítio para onde se vai.

Se tiverem um kit de primeiros socorros, nunca se esqueçam de incluir dois itens. Um apito e um espelho. O objectivo é ajudar à localização. Um apito ouve-se (e é bem menos fatigante) a distâncias consideravelmente superiores a um grito. Um espelho é um óptimo meio de localização, via reflexão - chama a atenção a quilometros.

Ah! E um último ponto interessante - só para frisar o meu primeiro parágrafo. Segundo uma revista inglesa de BTT, a maioria dos acidentes de BTT acontecem... em alcatrão, quando se está a ir ou a vir da "terra". E muitos dos acidentes relacionados com montanhismo... acontecem também na estrada, no regresso da montanha, quando se faz uma viagem de algumas horas já bastante cansado. São situações em que, provavelmente, até estamos mais descontraídos, mas possivelmente acabamos por facilitar bem mais do que se estivéssemos em condições mais complicadas.

Agora por falares em bicicletas, fizeste-me lembrar um amigo meu que faleceu há uns anos, no seu percurso habitual de bicicleta Coimbra-Figueira da Foz, aos sábados de manhã, que, numa curva, apanhou com um condutor que vinha em velocidade excessiva, que perdeu o controle ao carro e o atropelou fatalmente.
Infelizmente, neste caso, não lhe teria valido de nada não andar a pedalar sozinho, nem valeu de muito a mulher e os dois filhos pequenos saberem o trajecto que ele costumava fazer.

Às vezes parece não haver mesmo hipótese de prevenir todas as situações de risco...

Dentro deste tópico, achei interessante destacar e dar uma vista de olhos a este e ao da tralha na mochila.
Prevenir situações de risco passa também por se fazer o trabalho de casa e ir prevenido para o terreno.

Prudências e medos não fazem parte de mim. E isto diz tudo.

Obrigada pela dica do apito, já morava um no casaco do ski mas agora vai outro para a mochila do geocaching.

Numa das ultimas concentrações de motas que fomos tudo correu dentro da normalidade, até que durante a noite nos ligam a perguntar por um dos membros. A família estava preocupada porque não tinha chegado a casa. Toca a fazer oo percurso inverso e nada, ninguém o encontrava. No dia seguinte e depois de corremos todos os hospitais a busca lá continuou, mas desta vez com a ajuda da GNR e nada. Ao terceiro dia foi encontrado a 50 metros da berma da estrada onde já anteriormente tinhamos passado dezenas de vezes... Estava deitado no chão, com o telemóvel destruído e alguns invólucros barras de cereais que levava consigo, mas era tarde demais. Morreu com uma miserável hemorragia...Um localizador de GPS tinha-lhe salvo a vida.

bicho felpudo Escreveu:... Morreu com uma miserável hemorragia...Um localizador de GPS tinha-lhe salvo a vida.

Boas.
Discordo um pouco, senão vejamos:
O telemovel destruido:
O gps poderia destruir-se também.
Poderia não ter cobertura de rede;
Não ter cobertura GPS;
Não ter bateria no momento(algo que acontece muito aos telemóveis, e mais estamos sempre a usa-los).
Sem duvida, quanto mais formas de segurança houver melhor, mas nunca se pode dizer que uma delas é infalível.
Já li algures no fórum, que alguns users usam rádios PMR. O único senão destes equipamentos são o curto alcance, mas de forma geral, esses são o tipo de equipamentos mais infalíveis em situações de crise.
Geo-cumprimentos

Na minha opinião, o equipamento mais infalível em caso de crise é uma pessoa ao teu lado que te possa apoiar e ajudar a ir para qualquer lugar, ou que possa ir a correr até um sitio onde tenha rede para chamar os bombeiros. Tudo o resto é consideravelmente mais falível, sobretudo em terrenos acidentados.

rifkinda Escreveu:...Às vezes parece não haver mesmo hipótese de prevenir todas as situações de risco...

E algumas vezes até em situações sem risco podemos padecer.
Há uns anos, uma pessoa aqui de perto, padeceu durante a Eucaristia dominical.
Eu costumo pensar no destino. Quando tiver de ser, será.

lynxpardinus Escreveu:Na minha opinião, o equipamento mais infalível em caso de crise é uma pessoa ao teu lado que te possa apoiar e ajudar a ir para qualquer lugar, ou que possa ir a correr até um sitio onde tenha rede para chamar os bombeiros. Tudo o resto é consideravelmente mais falível, sobretudo em terrenos acidentados.

Como já foi dito, é sempre melhor cachar com companhia, mas isso não é de todo "mais infalível"
Imaginem-se num parque natural bastante acidentado e sem cobertura de rede. A pessoa a correr para pedir ajuda, é ela também mais vulnerável a acidente, já que vai menos atenta ao caminho e obstáculos.
Eu como radio-amador, tenho equipamento portátil que me permite fazer vários quilómetros, uma solução usada quando vou a locais mais isolados e onde possa não existir cobertura de rede móvel.

patinhofeio Escreveu:.
Eu como radio-amador, tenho equipamento portátil que me permite fazer vários quilómetros, uma solução usada quando vou a locais mais isolados e onde possa não existir cobertura de rede móvel.

Que também se parte!

patinhofeio Escreveu:Eu costumo pensar no destino. Quando tiver de ser, será.

Portanto, se te acontecer alguma coisa não vale a pena fazer nada, porque é o teu destino... Curioso, porque quando se faz um salvamento de resgate, nunca ouvi ninguém dizer:
- Não se estejam a maçar, porque o meu destino é morrer aqui...