elpombero Escreveu:O que gostava de perceber é como conseguem, sendo tão puristas (respeitando portanto o espírito do geocaching) fazer 20 ou 30 caches, com 12 horas de luz, nas calmas, passeando, tirando fotografias, fazendo CITO, comendo (talvez) no cachemobil, quisá uma "mijinha", percorrendo todo um distrito, às vezes dois... E como não duvido que o conseguem (os logs estão aí) afinal anda tudo ao mesmo: O gozo de "a" encontrar nem que seja no quintal lá de casa (também sou assim) e pelos "números". É isto que nos faz "correr" a todos. Afinal não existem puristas do geocaching. È completamente utópico
Deixa-me lá ir cachar que ainda tenho uma hora de luz.

ElPombero, se quiseres um dia levo-te no porta-bagagens (tranquilo, que cada vez que parar para ir a uma, abro-o) e poderás perceber como é que há puristas que fazem tudo isso que mencionei e que bem completaste.
Falando um pouco mais da minha experiência no contexto deste tópico... eu sou um gajo que funciona e se diverte em situações díspares: posso sair para fazer 1 ou 2 caches e mais nada, e quando assim é, no "campo" não há muitas diferenças, mas os logs online são bastante mais detalhados e extensos; ou andar em "tour", procurar fazer o maior número possível (que raramente chega a 30, andando geralmente pelas 20 e tal, 20 e muitas), sendo que a diferença é basicamente na forma como depois trato os logs e no número de horas que ando a cachar.
Posso adiantar mais. Vejo o número de caches num dia da seguinte forma: de 1 a 5, é uma voltinha que se dá em parte do dia; pode ser depois do almoço, pode ser sair de manhã e voltar a casa para almoçar; é assim uma coisa que se encaixa na agenda diária, entremeada com outros afazeres. De 5 a 15, é uma pequena tour, muito pausada, a acordar tarde e sair tarde, e a regressar cedo; é uma volta muito rara porque no meu raio de acção não há sectores com tantas caches... só quando regresso de Praga e foram semeando por aqui duranto vários meses é que isto sucede. De 15 a 25, é algo que faço já numa "tour" por qualquer parte do país, pensada especificamente para fazer Geocaching; é um dia normal de Geocaching, sem madrugar, sem caches nocturnas, com tempo para coisas paralelas, como parar para uma refeição ou algo assim. Mais de 25, é um dia optimizado para Geocaching, o que implica acordar cedo, sair logo, não parar para comer nem para nada que não se prenda com as caches e actividades relacionadas, e eventualmente ainda procurar umas quantas depois de chegar a noite.
Há outra coisa que é preciso considerar. Quando se tem um raio de 80 km (em linha recta) em redor da área de residência com um punhadito de caches por encontrar, vai-se em "tour". E se se gasta uma fortuna em combustível e 2 ou 3 dias da nossa vida numa tour destas, quere-se optimizar a viagem no que toca ao seu objectivo: fazer Geocaching. É por isso que tenho "picos" estatísticos. Quando faço um "tour" é para encontrar todas as caches que conseguir nesses dias. Por vezes vou a regiões onde nunca antes estive na vida, o que em termos de probabilidades, significa que não voltarei. Sinto então necessidade de poder encontrar o máximo de caches, sentir que naquela área ficou tudo visto e "tratado". O que é aliás algo de pernicioso que a multiplicação de caches em Portugal me trouxe. Gostava mais quando havia infinitamente menos caches. Sentia cada uma delas como uma entidade individual, conhecia-as, lembrava-me de todas. E não sentia a ânsia que agora por vezes me assola, de "ter que". Ter que manter o mapa "limpo" de caches por encontrar, ter que ir a todas, logo, ter que o fazer em grande número. Chegava a deixar estar uma cache de reserva, porque se fizesse todas no meu raio de alcance de casa, não saberia quando viriam mais, e queria ter a capacidade de a qualquer momento ter algo de Geocaching para fazer.
Bioengineer Escreveu:Quanto a isso do "lá fora é que é bom", é compreensivel que as pessoas digam isso.
Não compreendo como é que é compreensível que as pessoas digam isso. O que é que é "lá fora"? Agora existem dois mundos? Portugal e o Resto do Mundo? Parece aqueles jogos de futebol a caricas para homenagear o Pelé. O Geocaching tem de facto factores que definem a qualidade, apesar de alguns tentarem etiquetar tudo de "subjectivo". Há "lá foras" onde o GC é melhor do que em Portugal, e "lá foras" onde é pior. O resto que escreveste, é uma grande verdade e nunca páro de me supreender com o gosto que Portugal desperta nos meus amigos estrangeiros, mas quem faz Geocaching não pode ou não deve confundir as coisas. Viena pode ser uma cidade deslumbrante, mas por mais deslumbrante que seja, não me fez esquecer as multi-caches com uns absurdos 20 e tal pontos intermédios, as caches ao abandono sem manutenção há mais de um ano e cheias de problemas, a falta de caches tradicionais para o turista que sem saber alemão fica barrado com as mais complexas.