baiavieira Escreveu:Tá bem, isso é tudo muito giro.
Mas agora pergunto eu:
E o basic member que conseguiu deduzir sozinho as coordenadas da cache e depois conseguiu sozinho deduzir como logar um found no site não pode ir lá encontrar a cache, assinar o logbook e logar o found só pela piada de ter percebido como o fazer?
E respondo eu: esta linha de pensamento legitima automaticamente a práctica de crimes informáticos, como a violação de redes.
E se eu conseguir sozinho descobrir como se entra na rede do BCP, e conseguir sozinho deduzir como alivio uma quantia considerável de Euros para uma conta na Suiça, só pela piada de ter percebido como o fazer?
É crime. Na mesma. Estou a ir contra regras, aquilo a que chamamos de a Lei. Só pelo facto de entrar na rede já estou a ter uma práctica criminosa.
Se o jogo prevê a existência de caches para PM, prevê. Em 2004, quando comecei com isto, já previa. É um dos aliciantes que a Groundspeak acena para vender títulos de Premium Member. Se eu gosto disso, se não gosto, se acho bem, se não acho é de todo uma questão meramente académica, sobretudo num meio que não o dos oficiais providenciados pela própria Groundspeak.
A verdade é que prevê. E se alguém tem um problema com isto, deverá, com toda a justeza e direito, expôr o seu descontentamento perante a Groundspeak.
Vejamos: já eu acho que a presença de uma versão internacional das caches devia ser obrigatória. E então, acto contínuo, que deverei fazer? Olha, boa, criar uma cache, em que só podem logar os geocachers que se encontram em pleno acordão com esta minha crença. Ou seja, os que têm as suas caches com versão em inglês. Legítimo? Para alguns deve ser, pelo que tenho aqui lido. Para mim não. As regras deste jogo estavam estabelecidas quando comecei a jogar e logo, a sua aceitação é implícita. E mesmo que as regras mudem, a Groundspeak, entidade pela qual como é público não morro de amores, está no seu pleno direito de o fazer: isto é tudo deles. Fazermos Geocaching integrados no seu sistema não é um direito mas sim um privilégio.
Entretanto, reagir a uma regra com que não concordamos da forma que todos sabemos, abre um precedente perigoso: a partir do momento em que este tipo de reacção é legitimada, estão abertas as portas a todo o tipo de maradices, na linha das que o Prodrive apontou levando a coisa para o surreal, mas podendo perfeitamente aproximar-se de situações tristemente reais: os nacionalistas de qualquer nação poderão criar caches vedadas a estrangeiros, os fundamentalistas Garmin user poderão criar caches vedadas a utilizadores de Magellan, etc, etc.
Em suma, um acto inequivocamente de acordo com as regras comuns não deveria poder sofrer represálias que exploram "buracos" no quadro dessas mesmas regras.
Se X ou Y devem criar caches de acordo com essa possibilidade prevista pela Groundspeak ou não, é um outro debate, perfeitamente independente.
Quando às alegações de pseudo-elitismo derivadas da existência de caches para PM, o SuperFM já as desmontou. Letra sobre letra, palavra sobre palavra, e quem dai para a frente não percebeu ou não quis perceber, rebatendo a ideia uma vez mais e fazendo vista grossa das razões expostas pelo SuperFM sem margem para mais rebates... a partir dai não há mais nada a fazer.
Caches só para PM é elitismo; caches só para escaladores não. Caches só para pagantes é elitismo; caches só para pagantes de espaços vedados sujeitos a bilhete não. Caches só para PM é elitismo; caches só acessiveis a possuidores de uma mente lógica capaz de resolver charadas, não.
Humm então, logo, aqueles que não souberem ou não puderem escalar, criarão caches onde escaladores não poderão ir "por decreto"; aqueles que não conseguem resolver charadas, criarão caches para os Mr. Mistério. Evidente. I rest my case.
Por fim, uma palavra para o perigoso discurso "Live and Let Live". Era o discurso de Mr. Chamberlain em 1938, quando fechou os olhos à anexação da Alsácia, da Austria e dos Sudetas pela Alemanha Nazi. O verbo "viver" teve pouco sentido para os 55 milhões de mortos que a filosofia Live and Let Live provocou pela omissão de acção. Certo, não existe aqui uma Alemanha Nazi. Era só uma nota de reflexão sobre a diferença entre tolerância e autismo. A não intervenção, o não debate, a não crítica não é uma forma cool de liberalismo. É uma faceta da irresponsabilidade isolacionista, promovida por uma sociedade urbana decadente, com tendência a transformar artificialmente o Homem gregário num outro bicho.