Alergias

[lynxpardinus]

Uma das situações mais assustadoras por que passei foi numa caminhada, com um amigo meu que teve... uma alergia! Podem encontrar o relato aqui ( http://ascronicasdolynx.blogspot.com/search?q=alergia ), mas, durante uns minutos, vimos a coisa muito mal parada para o lado dele. Não é uma coisa muito agradável de se ver, uma pessoa a cair para a frente, sem conseguir falar, com erupções gigantes na pele - e, felizmente, como me explicaram depois, não lhe afectaram a zona do pescoço, por aí podia ser ainda mais complicado. E isto, no meio do nada...

Já passaram por alguma situação deste género?

P.S- Ainda por cima, como o meu outro amigo tinha ido buscar ajuda, percebi que ia ter dificuldades em levar sózinho um calmeirão de 1,85m até um sítio mais movimentado... Felizmente, chegou a ambulância...

[rifkinda]

Grande susto... não me queria ver numa situação assim...

[ajsa]

Eu pessoalmente padeço duma alergia extremamente rara, somos cerca de 20000 no planeta.
Os meus amigos e família sabem deste problema e respeitam-no completamente mas já me vi num situação bastante complicada que terminou com internamento hospitalar.
Sou alérgico ao ácido sulfénico, um ácido produzido por uma reação química entre uma enzimas e o material vegetal dum alimento - a cebola.
É isso mesmo, a grosso modo, sou alérgico à cebola e como o ácido sulfénico é extremamente volátil não me posso aproximar da cebola a um raio considerável e metros sob pena de começar imediatamente a apresentar os desgraçados dos sintomas de intoxicação que vão desde vómitos involuntários, rash, febre, diarreias e mais um sem número de bodegas que só se resolvem com internamento hospitalar.

Felizmente para mim, o inconfundível cheiro deste ácido permite que identifique de imediato a cebola nas refeições e na maior parte dos casos mais tramados não passam de vómitos, mas já ingeri cebola que continua a produzir ácido sulfénico durante a digestão e aí é que foram os trabalhos.

Aparte deste meu problema, já vivi juntamente com outros amigos um valente susto que nos deixou completamente impotentes.
Estávamos a passar um fim-de-semana em Castelo-Branco para fazer umas caches da zona. No primeiro dia tudo correu lindamente e mal imaginávamos o que nos esperava para o dia seguinte.

No dia 2 tínhamos planeado ir até à cruziana. Estava um dia de calor dos diabos e um dos amigos, que não sofre de nenhuma alergia mas que é diabético, começa a denunciar sinais de algum desconforto e cansaço. Depois de esperarmos um bocado ele sugere que fossemos para a cache seguinte que só ia tirar uma pequena soneca e já nos apanhava mais à frente.
Confiamos nas suas palavras e que tudo não passava de cansaço, afinal ele tinha dormido mal na noite anterior e vinha duma viagem grandinha desde o Algarve.

Partimos para a cache seguinte e no final recebemos uma chamada a pedir ajuda, o nosso amigo estava mesmo em hipoglicemia.
Partimos a todo o gás ao seu encontro e assim que chegamos o plano era leva-lo ao hospital mais próximo que ainda ficava a 50 km de distancia com estradinhas e muitas curvas pelo caminho.
Eu levava-o no meu carro no banco da frente e cada vez que eu olhava para ele sentia-me completamente impotente sem saber o que fazer. Ele já tinha administrado insulina, consumido açúcar e sei lá mais o que fazem nestas circunstancias. A determinada altura e ainda a 30 km do hospital ele começa a apresentar sinais de quem vai desfalecer e diz-me:

"Se eu me apagar, diz que sou insulinodependente e estou em hipoglicemia..."

E nesta altura parece mesmo que desfaleceu. O meu ritmo cardíaco deve ter atingido o máximo de sempre.
Neste momento atravessamos uma pequena aldeia e ele murmura que quer parar. Assim que o carro abre a porta e cai literalmente te na estrada.
Junta-se montes e pessoas e a solução foi mesmo chamar uma ambulância. Ao fim de 15 minutos lá chega a ambulância que o leva até ao serviço de urgência mais próximo.
Ao fim de algum tempo o nosso homem sai como novo e ainda deu para fazer uma cache da zona. Parecia que não tinha acontecido nada.
Fomos jantar e a meio, lá começa novamente com sintomas de hipoglicemia.
Entre tentativas de resolver a situação a única solução foi mesmo recorrer novamente ao serviço de urgência.

Uma vez mais, depois de uns tratamentos e o colocarem a andar de um lado para o outro para queimar energia, temos homem e lá sai ele como se nada tivesse acontecido. É absolutamente impressionante, as mudanças são radicais e instantâneas.
Regressamos a Castelo Branco para dormir crentes que já tinha terminado.

No dia seguinte, logo após o pequeno almoço, lá começam novamente os sintomas e aqui nem sequer esperamos.
Levantamos o estaminé e fomos diretos ao hospital.
Aqui, e passado uma manhã completa, o nosso homem sai novamente como novo.
Afinal, o problema residia numa virose que apanhou e que estava a neutralizar o efeito da insulina que ia administrando.

Foram momento muito difíceis mas o que mais recordo como bastante medonho foi quando ele desfaleceu no carro e eu ainda estava muito longe do hospital.

[Torgut]

(...) grosso modo, sou alérgico à cebola

Portanto, uma variante, geralmente é ao alho

[rifkinda]

Eu conheço um geocacher alérgico a azeite!
Já que a cebola e o azeite são a base da cozinha portuguesa... não querem emigrar??

Rifkinda

p.s. A minha pergunta é mais como é que se cozinha sem cebola e azeite?

[lynxpardinus]

Tenho um amigo meu diabético (insulino-dependente) e que faz escalada e montanhismo (Monte Branco, Toubkal,...), para além de me ter "dado uma coça" quando resolvemos fazer uma mini-etapa da Volta a Portugal que acabava no topo da Senhora da Graça ( http://ascronicasdolynx.blogspot.com/20 ... 5-kms.html ). Agora, nunca vi ninguém a monitorar-se tanto! O homem de 30 em 30 minutos pára para perceber como está o nível de glicemia e é altamente disciplinado em termos de alimentação!

A alergia a cebola é altamente rara. Mas, lá está, eis um homem a quem a cebola não consegue pôr a chorar - mandar para o hospital talvez, chorar nunca...

[ajsa]

Torgut, de facto tens razão, mas existe algo mais no alho que neutraliza o ácido sulfénico.
Uma curiosidade está na Francesinha. Sei que o molho de francesinha leva pontapés de cebola mas contudo não me faz mal nenhum. A única explicação é talvez a existência duma base que neutralize o ácido.
Já os caldos, knorr maggi e afins, arrumam-me logo para canto e curiosamente uma das vezes que tive de fazer uma lavagem ao estômago foi por causa desta gaita de caldos (horrível)

Rita, é muito simples cozinhar sem azeite (que eu não dispenso, logicamente ) e sem cebola.
O tomate, cenoura e, lá está, o alho (apesar de não o conseguir comer em cru) fazem maravilhas.
Para além disto, possuímos um número imenso de ervas aromáticas que resultam em pratos deliciosos.

Lynx, conheço também um insulinodependente que está mais ou menos na mesma situação.
O homem agarra numa motosserra que pesa 4 kg com uma mão e com a outra é subir e descer de chaparros e acredita que tenho dificuldade em o acompanhar. Impressionante!
Mas também anda sempre com o kit picas agarrado a ele

Ainda sobre alergias, conheço um senho cá de beja que possui uma alergia ainda mais estranha.
este homem é alérgico à uma hormona que se encontram em aves do sexo feminino, ou seja, ele não pode comer ovos nem carne de aves femininas.
Resultado: Simplesmente não come ovos e aves só mesmo a que cria em casa e que sejam machos. Um verdadeiro machista. hehehehe
(confesso que não sei se pode comer aves masculinas com inclinações sexuais para outros machos. hAHAHAHAHA)